terça-feira, 14 de abril de 2015

Riqueza - crônica de António Matabele, direta de Maputo, Mozambique


por António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele). Maputo, 15 de Abril de 2015, da margem do Rio Pitamacanha.

        Joaquim Alberto Chissano, um dos nossos ícones políticos continentais, daqueles que se não fosse africano (e por este motivo é discriminado) o seu pensamento político seria estudado em universidades ou mesmo citado em areópagos internacionais como sendo uma referência ou especialista em política, afirmou, num passado recente, que o domínio da ciência e da técnica pelos povos “é petróleo moderno das nações”, aludindo que um povo educado é rico, porque riqueza não é uma conta bancária com um saldo elevado, nem tão pouco é somente a posse de património avultado.

        Riqueza verdadeira é a nossa capacidade e possibilidade potenciais de podermos ter num amanhã mais ou menos pouco longínquo aquilo que ainda não temos hoje. E o inverso deste raciocínio é também verdadeiro. Com efeito, pobreza, é termos hoje dinheiro e património tangíveis, mas não termos capacidade potencial de os mantermos, porque não somos instruídos naquele sentido que os pedagogos modernos apelidam de educados. Isto é, quem não domina a ciência nem a tecnologia está no corredor conducente à pobreza, que poderá sufocá-lo a qualquer momento imprevisível.

        Um homem pobre bem apetrechado de ciência e técnica tem potenciais possibilidades de se tornar rico. Um rico desprovido de ciência e técnica é um sério candidato a resvalar do cume da falsa colina aonde se encontra para se esborrachar no sopé da montanha da pobreza.

        Moçambique, que é potencialmente rico em termos de posses reais e hipotéticas de bens patrimoniais físicos ainda é pobre no que se refere à maioria do seu povo porque este ainda não domina o bastante nem a ciência nem a técnica chamadas modernas. O nosso País tem muita riqueza material ainda mal ou não explorada na sua totalidade. Em contrapartida tem a maioria do seu povo ainda lutando contra as trevas da ignorância em termos do conhecimento moderno convencional não tradicional. Em África há muitos doutores com conhecimentos tradicionais empíricos acumulados por sucessivas gerações de pessoas através dos séculos. Mas com este conhecimento ainda não conseguem melhorar a quantidade e a qualidade de comida; domar os rios que secam e inundam, respectivamente, na época da estiagem e das chuvas; extrair as riquezas existentes no subsolo, no fundo dos oceanos; nem tão pouco colocar engenhos artificiais no espaço estudando o universo. Em suma, com a sua prática empírica ainda não estão capazes de serem dinamizadores do almejado desenvolvimento e, consequentemente, que o povo seja detentor de riqueza.

        E é esta ausência de domínio da ciência e da técnica que contribui para o agravamento da pobreza reinante no continente africano, como é o caso da matança ilegal de algumas espécies animais, muitos deles raros no mundo e únicos em Moçambique. O povo ignora qual a utilidade e importância económica dos bichos que são mortos de modo anárquico à margem da Lei Civil e Ambiental.

        Isto vale dizer que a caça furtiva é agravada pelo desconhecimento que ainda temos – porque não dominamos a ciência e a técnica – que esta prática criminosa impede as populações de aumentarem os seus rendimentos com os dinheiros que os turistas pagam ao País para verem e fotografarem os nossos animais, ora dizimados de forma descontrolada e irresponsável.

        A República Popular da China, cujo povo é detentor de razoável educação, tem ganho somas substanciais de dinheiro com turistas que a visitam pelo facto de ser repositória mundial das poucas pandas ainda existentes no nosso planeta.

        Moçambique deve esforçar-se ainda mais para educar, desde a escola primária, o seu povo no sentido deste saber que poupando a vida dos seus rinocerontes, elefantes e outras espécies raras no mundo e em vias de extinção, diminuirá a sua pobreza, consolidando-se assim aquela visão profética segundo a qual o domínio da ciência e da técnica constitui o petróleo da era moderna. 



Publicada originalmente no Wamphula Fax.

Ilustração livre (Estudos Geométricos.2015) de Oubí Inaê Kibuko (Brasil) para esta postagem.

sábado, 11 de abril de 2015

Sessão de cinema africano dia 18 de abril na PUC Consolação

18/abril/2015, sábado, 19 horas, o FÓRUM ÁFRICA e o CINECLUBE AFRO SEMBENE  convidam Você, Familiares, Amigos e Simpatizantes.

Neste mês de abril o Togo se tornou independente em 27.04.1960 e Serra Leoa (Freetown) em 27.04.1961. O Cineclube Afro Sembene e o Fórum África, prestam homenagem aos dois países com uma sessão especial dose dupla.

"Hoje" - Alain Gomis (Senegal) e "O Samba do Cururuquara" - Renato Cândido (Brasil)
Local: PUC CONSOLAÇÃO - Rua Marquês de Paranaguá, 111 - sala 20
Travessa Rua da Consolação - próximo ao Mackenzie – entre metrô República e Paulista
Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br - cineafrosembene@gmail.com

ENTRADA FRANCA. Porém pede-se a voluntária colaboração de 2 kilos de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que acolhe diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos. 


Sobre os filmes
Título: Hoje (Aujourd'hui) - fiçção experimental
Sinopse: A morte avisa, na véspera, quem será levado no dia seguinte, dando à pessoa tempo de fazer intensa releitura de sua vida.
O personagem Satché é interpretado pelo ator, poeta e músico nova-iorquino Saul Williams.
 
Elenco: Saul Williams/Satché. Djolof Mbengue/Sélé. Anisia Uzeyman/Rama. Aïssa Maïga/Nella. Mariko Arame/Mãe de Satché.
Gênero: Drama/Experimental. Diretor: Alain Gomis. Duração: 1h25m. Ano de Lançamento: 2012. País de Origem: Senegal. Idioma do Áudio: Francês/Wolof. Legendas: Português.


Título: O Samba do Cururuquara - documentário
Sinopse: O documentário aborda uma das manifestações culturais da cidade de Santana de Parnaíba, o samba de bumbo. Por ocasião da libertação dos escravos, em 13 de maio de 1888, os recém-libertos juntaram a alegria festeira à religiosidade para resolver o que fazer da vida e festejar o futuro. Surgiu assim, o Samba do Cururuquara. 

Gênero: Documentário. Diretor: Renato Cândido. Duração: 40m. Ano de Lançamento: 2012. País de Origem: Brasil.  Áudio: Português. Sem legendas.


Sobre os diretores 
ALAIN GOMIS nasceu na França, em 1972, filho de pai senegalês e mãe francesa. Realizou estudos de história da arte e se formou mais tarde em cinema. Começou seu aprendizado fazendo uma série de reportagens sobre a vida dos jovens imigrantes na França; sua estréia na direção com alguns curtas-metragens, incluindo Tourbillons, que lhe rendeu importantes indicações no Festival de Clermont-Ferrand e Nova Iorque. Em 2002 ele fez seu primeiro longa-metragem, The Afrance, premiado em Locarno com o Leopardo de Melhor Primeiro Filme e Prêmio do Público no Festival de Africano, Asiático e Cinema Latino-Americano, em Milão. Hoje (Aujourd'hui) foi exibido na competição oficial do Festival de Berlim em 2012. "Para mim, o filme é uma maneira de celebrar a vida, é um filme contra o medo, uma maneira de reafirmar que o presente é a porta da eternidade. É um filme sobre o presente, sobre o valor de cada instante, a única coisa que possuímos", declarou Alain Gomis, nascido em Paris, de mãe francesa e pai senegalês.

RENATO  CANDIDO DE LIMA,  é cineasta, Bacharel em Audiovisual  e Mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP. Nos  projetos acadêmicos trabalhou interlocuções entre dramaturgia e identidades negra e popular. Sob orientação da  Livre  Docente Esther Império Hamburger, Renato Candido  de- senvolveu em seu mestrado o  projeto e roteiro de  longa metragem  “Menina Mulher da  Pele  Preta”. Suas produções mais recentes são o Episódio “Jennifer “(ficção), do  longa Menina  Mulher da  Pele Preta e o  documentário média metragem  Samba do Cururuquara. Estas duas produções e outras de  sua autoria estão disponíveis na  sessão Vídeos. Além  das realizações audiovisuais, Renato leciona fotografia, direção de  arte e roteiro nos cursos de  Rádio /TV,  Tec. Audiovisual  e Tec. Fotográfica na FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas.  É professor convidado de  História do Cinema Brasileiro na Escola Livre  de  Cinema e Vídeo  de  Santo André/SP e leciona Audiovisual no  projeto Fábricas de  Cultura do Governo do Estado de  São  Paulo. Para a TV  Cultura, através  de   sua  Empresa Produtora “Dandara Produções Culturais e Audiovisuais  - LTDA”,  Renato Candido roteirizou episódios da  série televisiva “Pedro e Bianca”, ganhadora  do  Prix  Jeunesse e finalista no  Emmy Awards Kids. A série está disponível através do link  Pedro e Bianca. Em 2012, Renato Candido foi contemplado pelo Edital  de  Roteiristas Estreantes do  Ministério da Cultura onde desenvolveu o roteiro de  longa metragem/série televisiva “Cartas Expedicionárias”; história de  época que retrata a vida  de  pracinhas da  FEB do  11ºRI de  São  João Del Rey/MG. 


Breve histórico de Serra Leoa e Togo

Serra Leoa. Independência da Inglaterra:  27 de abril de 1961.

Achados arqueológicos mostram que Serra Leoa foi habitada continuamente por pelo menos 2.500 anos, habitado por sucessivos movimentos vindos de outras partes da África. O uso do ferro foi introduzido na atual região do país por volta do século IX, e a agricultura passou a ser praticada por tribos que habitavam a costa do país por volta do ano 1000. A densa floresta tropical presente na localidade praticamente serviu de refúgio para os nativos da região, que não receberam muita influência dos impérios pré-coloniais africanos16 e da influência islâmica encontrada no Império do Mali. A fé islâmica, no entanto, só tornou-se abrangente no século XVIII.

A Serra Leoa foi uma das primeiras nações do oeste africano a ter contato com os europeus. Em 1462, o explorador português Pedro de Sintra mapeou as colinas onde agora situa-se o Porto Freetown, cuja formação na época eem ra forma da Montanha de Leão (também chamada de Serra do Leão), que originou o nome do país. Comerciantes portugueses chegaram ao porto por volta de 1495, quando um forte que agiu como um posto de comércio foi construído.18 Os portugueses juntaram-se aos holandeses e franceses e todos estes passaram a usar o território da Serra Leoa como um ponto estratégico do comércio de escravos. Em 1562, a Inglaterra juntou-se aos três países no tráfico de seres humanos, quando Sir John Hawkins enviou 300 pessoas escravizadas para as novas colônias na América.

Educação em Serra Leoa
A Educação em Serra Leoa, um país da África Ocidental, é legalmente exigida para todas as crianças a partir dos seis anos no ensino primário, e três anos de ensino secundário geral.1 Entretanto, a falta de escolas e professores tem feito a execução impossível. A Guerra Civil de Serra Leoa resultou na destruição de 1.270 escolas primárias e, em 2001, 67% de todas as crianças em idade escolar estavam fora da escola. A situação melhorou consideravelmente desde então, com a duplicação de matrículas em escolas primárias entre 2001 e 2005 e a reconstrução de muitas escolas desde o fim da guerra. As escolas foram fechadas no início de junho de 2014, por causa do vírus Ebola.

Cultura
Os Mendes, Temnes e outros grupos têm um sistema de sociedades secretas que encarregou-se através dos séculos de transmitir a cultura das diferentes tribos. Estas são inculcadas aos membros de cada grupo desde a infância. Por este secretismo a maioria das atividades culturais estão vedadas ao estranho. A língua oficial da Serra Leoa é o inglês, mas a lingua franca de facto é a língua krio, materna para os Crioulos da Serra Leoa mas falada por 98% da população.
 

Togo. Independência da França: 27 de abril de 1960.

O Togo, oficialmente República Togolesa, é um país africano, limitado a norte por Burkina Faso, a leste por Benim, a sul pelo Golfo da Guiné e a oeste por Gana. Capital: Lomé. Localizado no oeste da África, Togo é constituído por um estreito território que reúne povos de diferentes origens. O grupo étnico euê, o mais numeroso (45,4% da população), concentra-se no sul, perto do litoral, a região mais desenvolvida. A maioria dos habitantes vive da agricultura, cujos principais produtos são o algodão e a cana-de-açúcar. O país é importante centro de comércio regional graças ao porto de sua capital, Lomé.

Do século XIV ao XVI, povos de língua ewe, provenientes da Nigéria, colonizaram o atual território do Togo. Outras tribos de língua ane (ou mina) emigraram de regiões hoje ocupadas por Gana e Costa do Marfim, depois do século XVII. Durante o século XVIII, os dinamarqueses praticaram na costa de Togo um bem-sucedido comércio de escravos. Até o século XIX, o país constituiu uma linha divisória entre os estados indígenas de Ashanti e Daomé.

Em 1847 chegaram alguns missionários alemães e, em 1884, vários chefes da região costeira aceitaram a proteção da Alemanha. A administração alemã, ainda que eficiente, impôs trabalhos forçados aos nativos.

Os alemães foram desalojados durante a Primeira Guerra Mundial e, em 1922, a Liga das Nações dividiu o Togo entre o Reino Unido e a França. Em 1946, esses dois países colocaram seus territórios sob a custódia das Nações Unidas. Em 1960 a porção britânica foi incorporada ao território da Costa do Ouro (atual Gana), enquanto os territórios franceses se transformaram na República Autônoma de Togo em 1956. O país conquistou a independência completa em 1960, embora tenha continuado a manter estreitas relações econômicas com a França.
As relações do Togo com Gana foram difíceis enquanto Kwame Nkrumah presidiu o país vizinho, mas melhoraram após sua deposição. Durante a década de 1960, assassínios políticos e golpes de estado culminaram em 1967 com a ascensão do general Étienne Gnassingbe Eyadema ao poder. Uma nova constituição foi adotada em 1979 e Eyadema proclamou a terceira república togolesa. Em 1982, o fechamento de fronteiras decretado por Gana para conter o contrabando resultou em conflitos entre os dois países. Em 1985, o regime de Eyadema começou a se liberalizar. O general convocou em 1991 uma Conferência Nacional que suspendeu a constituição e elegeu Joseph Koffigoh, um civil, para o cargo de primeiro-ministro. Em 2006 concordam em formar um governo de transição o governo e a oposição.

A cultura do Togo reflete as influências dos seus trinta e sete grupos étnicos, a maior e são mais influentes do que as Ewe, Mina, e Kabye. O francês é o idioma oficial da República do Togo. As muitas línguas africanas indígenas faladas pelos togoleses incluem: línguas Gbe como a Ewe, Mina, e Aja, Kabye, e outras. Website governamental: http://www.republicoftogo.com/

Fonte: Wikipédia
 


Serviço
Quem: "Hoje", ficção. Direção de Alain Gomis (Senegal) e "O Samba do Cururuquara", documentário. Direção de Renato Cândido (Brasil).
Quando: 18/abril/2015, sábado, 19 horas.
Porque: Neste mês de abril o Togo se tornou independente em 27.04.1960 e Serra Leoa (Freetown) em 27.04.1961. O Cineclube Afro Sembene e o Fórum África, prestam homenagem aos dois países com uma sessão especial dose dupla. Seguido de roda de conversa.
Tipo: Atividade cineclubista e ação social, pedagógica, cultural e solidária, sem fins lucrativos.
Onde: PUC CONSOLAÇÃO.
Endereço: Rua Marquês de Paranaguá, 111 - sala 20.
Referência: Travessa Rua da Consolação - próximo ao Mackenzie – entre metrô República e Paulista
Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br - cineafrosembene@gmail.com - (11)99750-1542
Ingresso: Entrada franca. Porém pede-se a voluntária colaboração de 2 kilos de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que acolhe diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.
Realização: Fórum África.
Apoio: Cabeças Falantes.


Pesquisa e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Fórum África e Cineclube Afro Sembene.