sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O Topo da Montanha segundo Lázaro Ramos e Taís Araújo

O Topo da Montanha, peça que estreou aclamada em Londres, em 2009, ganhou versão na Broadway, em 2011, e que agora chega ao Brasil, em São Paulo, no Teatro Faap, no dia 09 de outubro de 2015, protagonizada e também produzida por Lázaro Ramos e Taís Araújo, com direção de Lázaro Ramos e codireção de Fernando Philbert.
O Topo da Montanha faz alusão ao último discurso de Martin Luther King  (I’ve Been to the Mountaintop) realizado em Memphis, na Igreja de Mason, no dia 3 de abril de 1968, um dia antes de seu assassinato, cometido na sacada do Hotel Lorraine. É exatamente neste cenário, do quarto 306 – e na sequência de suas derradeiras palavras públicas –, que Martin Luther King, interpretado por Lázaro Ramos, conhece Camae, encenada por Taís Araújo, a misteriosa e bela camareira em seu primeiro dia de trabalho no estabelecimento. Repleta de segredos, ela confronta o líder em clima de suspense e simultaneamente debochado. Deste modo, em perfeito jogo de provocações, faz o reverendo se lembrar que, como todos, é humano. Por meio do humor e da emoção, faz rir e pensar com retórica atual, seja para americanos ou brasileiros. Clique aqui e saiba mais sobre O Topo da Montanha.

Serviço:
Dias e horários:
Sexta: 21h30
Sábado: 21h
Domingo: 18h
Ingressos: R$ 90,00 (inteira) e 45,00 (meia entrada).
Recomendação: 12 anos

Bilheteria: 
Quarta à sábado das 14h às 20h
Domingo das 14 às 17h
(em dia de espetáculos até o início do mesmo).


Longa-metragem “Através” registra momento de mudanças em Cuba





Por Gabriel Fabri

Em 2011, os cineastas André Michiles e Fábio Bardella foram a Cuba fazer a fotografia do filme “Tudo por amor ao cinema”, de Aurélio Michiles. Durante uma viagem de balsa e trem, os dois filmaram um curta-metragem experimental, “Estação Bahia”, que retrata o cotidiano dos cubanos. Essa produção foi o embrião do longa-metragem “Através”, exibido no Cine Olido, no Centro Cultural São Paulo e em quatro bibliotecas públicas. O filme integra a programação de estreias da Spcine - Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo no Circuito Municipal de Cultura.

Dirigido por Diogo Martins, além de André e Bardella, o longa-metragem acompanha Cíntia (Cinthia Rodríguez Paredes) em uma viagem por dez cidades de Cuba. A intenção, segundo Bardella, era filmar com uma atriz em um meio real, mesclando assim documentário e ficção. “Desenhávamos qual poderia ser a trajetória da nossa personagem em cartolinas pregadas na parede, mas sabíamos que muitas ideias e passagens viriam pelo contexto pessoal da própria intérprete e de acordo com os deslocamentos, dramas, atmosferas e pessoas que encontrássemos pelo caminho”, explica. 

Já Michiles conta que o roteiro do filme deixava muitas questões em aberto. “Existiam quatro momentos definidos e alguns lugares onde Cíntia passaria: o início quando ela arruma as malas, o trem quebrando, um ápice dramático que ainda não tínhamos certeza qual seria e o fim na Sierra Maestra. O resto era livre ao que viesse durante os dias de viagem.” 

A atriz Cinthia Rodrigues se confunde com a personagem. “Esta é praticamente a mesma da vida real”, explicam os três cineastas, por e-mail. “A intérprete só não tinha o namorado que, na trama, morava nos Estados Unidos e não estava em dúvida se viajaria ou não.” 

“Através” funciona também como registro histórico de um país que passa por transformações devido ao retorno das relações com os Estados Unidos. “Sentimos que registramos um momento de transição, no qual vemos coisas que, no futuro próximo, já estarão completamente diferentes”, explica Michiles. Para os três cineastas, ficou visível, ao longo das filmagens, que as coisas estão efetivamente mudando na ilha e em seu povo. “Não lhes pergunte o que será do futuro, não saberão lhe responder, mas sabem que querem arriscar novos caminhos”, sintetiza Martins. 

Serviço:
Galeria Olido - Cine Olido. Centro. De 26 a 29/11, 17h. Dia 2, 19h. De 3 a 5, 15h e 19h. Dia 6, 15h. Dia 9, 19h. Dia 10, 17h. 
Centro Cultural São Paulo. Centro. De 26/11 a 2/12, 16h e 20h. De 3 a 9, 16h. R$ 1.
Bibliotecas Públicas: Pedro Nava. Zona Norte. Dia 2, 14h; Viriato Corrêa. Zona Sul. Dia 4, 15h. Dias 12 e 20, 16h; Mário Schenberg. Zona Oeste. Dia 4, 16h; BP Alceu Amoroso Lima. Zona Oeste. Dia 16, 16h. Grátis.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Cineclube Afro Sembene exibe sessão especial ao mês da Consciência Negra: O negro da senzala ao soul e Salif


Por Oubí Inaê Inaê Kibuko

Novembro. Mês da Consciência Negra. Nossa caminhada vem de longe. Zumbi é redivivo para as atuais e futuras gerações saberem que os negros e negras, legítimos cidadãos brasileiros também têm heróis e heroínas. Dandara, Anastácia, Luisa Mahin, e outras tantas anônimas atuantes nos quatro cantos do país. Seja no lar, na comunidade, nos terreiros, nas igrejas, nos templos, nas faculdades, nas escolas, nos colégios, nas creches, na fábrica, na industria, no comércio, nas comunicações, nas ciências, nas artes, nas tecnologias...

O lado bom desta trajetória é que parcerias e simpatizantes estão engrossando a marcha. O Brasil nos deve bilhões. Inclusive de respeito, aliados solidários, de oportunidades construtivas, de horizontes largos. A escravidão nos legou um mundo estreito, solitário, destrutivo, sem perspectivas. Abençoados aqueles e aquelas que não se deixam abater, e mesmo tortuosamente vem abrindo, traçando e trançando caminhos.

Avanços e conquistas existem. Luis Gama, enfim, foi reconhecido como advogado pela OAB. Mas ainda temos muito por fazer. Inclusive a de apoiar e contribuir ao nosso alcance com imigrantes e refugiados africanos. Não podemos nos dar ao luxo de cruzar os braços ou fazer de conta que o problema não é nosso e colocar as soluções nas mãos de vontades políticas e governamentais. Temos também que fazer a nossa parte. Inclusive para orgulho, construção dos laços de irmandade e de auto-estima por nós mesmos.

Neste contexto, o Cineclube Afro Sembene rende homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, com uma sessão dose dupla. Serão exibidos excepcionalmente no dia 28 de novembro, às 17 horas, “O negro da senzala ao soul”, documentário de Gabriel Priolli, produzido pela TV Cultura, em 1977; e “Salif” (um senegalês em São Paulo), curta-metragem de Melquior Britto, 2015, seguidos de roda de conversa com a jornalista Neusa Maria Pereira (uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado, em 1978), com o elenco e equipe de Salif. Local: PUC Campus Consolação. Rua Marquês de Paranaguá, 111 – sala 20. Entrada Franca. Pede-se a voluntária doação de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, livros, material escolar e de higiene e limpeza para a Missão Paz, que acolhe diariamente centenas de imigrantes e refugiados estrangeiros, inclusive africanos. Coordenação: Saddo Ag Almouloud, Vanderli Salatiel e Oubí Inaê Kibuko.

O negro da senzala ao soul. Sinopse: Documentário dirigido por Gabriel Priolli e realizado pelo Departamento de Jornalismo da TV Cultura de São Paulo, em 1977. O filme registra a rearticulação do movimento negro brasileiro, no final da ditadura militar, com depoimentos de intelectuais e ativistas importantes, como Beatriz Nascimento, Eduardo Oliveira e Oliveira, José Correia Leite, e Hamilton Bernardes Cardoso. Mostra como a soul music norte-americana, seus temas e sua cultura (gestual, vestuário, hábitos, etc) influenciaram a juventude negra do final dos anos 1970 e serviram como eixo articulador de um sentimento de orgulho e pertencimento, que impulsionou a mobilização política contra o racismo e em favor dos direitos raciais. Duração: 46 minutos.

Salif. Sinopse: Milhares de pessoas procuram uma oportunidade de ganhar a vida na maior Cidade da América Latina. O senegalês Salif é mais um no meio de muitos que escolheram a tão “hospitaleira” São Paulo para morar. Direção: Melquior Brito, 2015. Duração: 20 minutos.

Serviço
28/NOVEMBRO/2015 - SÁBADO - 17 HORAS

CINECLUBE AFRO SEMBENE convida - Sessão especial ao mês da Consciência Negra
O NEGRO DA SENZALA AO SOUL - Documentário de Gabriel Priolli
SALIF (um senegalês em São Paulo) - Curta de Melquior Britto
Roda de conversa com a jornalista Neusa Maria Pereira, elenco e equipe de Salif.

LOCAL: PUC CAMPUS CONSOLAÇÃO - Rua Marquês de Paranaguá nº 111 - sala 20
Travessa da Avenida Consolação, em frente ao Mackenzie, entre metrô Paulista e República.

Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br - cineafrosembene@gmail.com

ENTRADA FRANCA. Pede-se doação voluntária de 1 quilo de alimento não perecível.
Ou roupas, calçados, livros, material escolar e de higiene e limpeza para a Missão Paz, que acolhe diariamente centenas de imigrantes e refugiados estrangeiros, inclusive africanos.

Realização: Cineclube Afro Sembene - Nosso encontro mensal com o cinema africano
Coordenação: Saddo Ag Almouloud, Vanderli Salatiel e Oubí Inaê Kibuko

APOIO: Cabeças Falantes - Agenda Guilherme Botelho Junior - Quilombhoje

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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Malês cria espaço de convivência e ajuda africanos refugiados que desembarcam em São Paulo

Adama Konate cria espaço de convivência e ajuda africanos refugiados que desembarcam em São Paulo. Conheça o espaço que funciona como restaurante/lavanderia/albergue/lanhouse 

Yanlafi, em Bambara, significa Saudade. Hoje o malês Adama Konate sente Yanlafi de sua terra natal, mas podemos dizer que o que o trouxe até o Brasil foi a saudade de um lugar que ele nem conhecia.
Formado em Contabilidade, Adama conta que, ao estudar a história dos países, notava que os autores falavam da escravidão no Brasil como se fosse algo parecido com a França, mas sabia que somente conhecendo de verdade um país poderia falar sobre ele. Estava com toda a documentação encaminhada para estudar nos Estados Unidos, mas havia um desejo de conhecer o Brasil. Desembarcou como turista e o encanto com o país não o deixou retornar.
Há três anos no país, Adama se tornou um porto seguro para os “irmãos” africanos, como ele diz. Além do restaurante/lavanderia/albergue/lanhouse que comanda no bairro do Brás, Adama também ajuda como pode os refugiados que chegam e precisam regulamentar a documentação. “Perguntam: Quanto Adama cobra? [E respondem] Não, ele está nos ajudando. É proibido ajudar? Só ajudo quando posso ajudar. Para mim, eu não faço para falar bem de mim, a minha preocupação é só Deus”.
Nas quatro horas que passamos ali, durante um sábado frio em São Paulo, ficamos absorvidas pelo falatório em francês de pessoas chegando do Mali, de Burkina-Faso, do Togo e outros países do oeste africano. Dúvidas sobre consulta médica, carteira de trabalho e moradia, entre outras. As portas pintadas de verde, amarelo e vermelho na Rua Visconde de Parnaíba, 1188 abrigam hoje o restaurante de Adama, que cobra R$ 8 pelo prato de refeição tradicional africana. Aos domingos, o famoso Fufu é servido.
Mas tudo começou com alguns computadores para contato com a família distante em um quartinho a poucos passos dali. O serviço foi criado pensando nas pessoas que moravam no Arsenal da Esperança, entidade que atende imigrantes em parte do terreno do Museu da Imigração, antigamente conhecido como Casa do Migrante. Para quem vem com o intuito de ajudar a família no país de origem, é mais difícil ainda pagar aluguel, comer e usar transporte público, tudo isso com um salário mínimo. “Ganha pouco no Brasil. A guerra lá não vai acabar, mas aqui está difícil também”, conta Alpha Sidibe, malês e um dos quatro funcionários de Adama.
Alpha é responsável pelo quartinho em que antes funcionava a lanhouse e hoje serve como uma espécie de casa de passagem para ajudar os “irmãos” que chegam ao Brasil e não têm onde dormir e deixar as malas. “É difícil ficar indo para ver documento, mas com mala é mais [difícil], então eles deixam aqui”, conta Adama. Nos fundos do restaurante, no outro salão, há também duas máquinas de lavar. O preço da ligação para o Mali e de uma lavagem: R$ 1 cada.
Com vistas para o Museu da Imigração, o espaço de convivência africana criado por Adama reflete a luta de um povo por melhores condições de vida. “Não é o Brasil que vai nos dar tudo, somos nós mesmos que precisamos nos organizar. Eu não tenho forças para todos, mas, se eu consigo passar que temos que fazer alguma coisa por nós, está bom”.

África - Contos do rio, da selva e da savana

A arte de contar histórias é muito antiga; surgiu antes da escrita. Na África o contador de histórias é chamado de griô; ele é o mestre das artes e da cultura popular e tem o papel de levar o conhecimento à aldeia. A autora Silvana Salerno, apaixonada pela cultura brasileira, com títulos premiados pela FNLIJ, foi conhecer a África e entender a sua influência na nossa cultura. Neste livro são contadas histórias da África que ajudaram na formação da cultura brasileira, pois vieram dos países de onde os africanos foram trazidos como escravos para o Brasil. Uma leitura rica e interessante, com ilustrações lindíssimas! Clique aqui e saiba mais sobre o livro.

CINUSP realiza a mostra África Lusófona

Entre os dias 30 de outubro a 14 de novembro, o CINUSP realiza a mostra África Lusófona em parceria com a FFLCH. Serão exibidos 13 filmes de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Todas as 
sessões são gratuitas.

Entre os destaques estão a produção guineense “A República di Mininus" e as cópias restauradas dos filmes moçambicanos “Mueda, Memória e Massacre”, “Tempo dos Leopardos”, “Canta Meu Irmão, Ajuda-me a Cantar” e “Kuxa Kanema: O nascimento do cinema”.

Da luta pela independência até os dias atuais, está na ordem do dia do cinema desses países discutir o seu contexto social, fazendo dos eventos e características locais mais do que um pano de fundo, mas elementos 
propulsores das narrativas.

Para aprofundar a reflexão sobre as cinematografias africanas lusófonas, no dia 05 de novembro ocorrerá um debate sobre cinema moçambicano com o Prof. Dr. José Luís Cabaço mediado pela Prof.ª Dra. Rita Chaves. Já no dia 11 de novembro, data em que se completam 40 anos da Independência de Angola, ocorrerá um debate a respeito do cinema angolano com a Prof.ª Dra. Fabiana Carelli.

A programação completa com sinopses pode ser acessada no site do CINUSP.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

I Seminário Ìpàdé dos Saberes - Políticas Públicas e Afirmativas no CEU Caminho do Mar


O encontro tem por objetivo contribuir com a proposição e subsídios para um conjunto de políticas de caráter afirmativo para os povos e comunidades tradicionais do Estado de São Paulo a partir do estímulo a troca de experiências, da participação política de suas lideranças em todo o processo de elaboração, desenvolvimento e monitoramento destas políticas para a promoção da igualdade racial, enfrentamento do racismo e de todas as formas de intolerância que atinge estas comunidades e as suas tradições contribuindo para a afirmação de sua singularidade, identidade, inserção social e construção de sua cidadania.

CONFIRMEM PRESENÇA

PROGRAMAÇÃO OFICIAL: Ìpàdé dos Saberes

********* DIA 23/10 - SEXTA –FEIRA *********

18h - Roda de conversa (olhares e saberes dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz)

Bate papo com representantes das Comunidades Tradicionais de Terreiro, professores, alunos do CEU Caminho do MAR e público presente.

Convidad@s: Roger Cipó, Taata Lowandê, Doné Oyacy, Doné Lurdes, Pai Carlos d´Ogum, e Representante da Umbanda (a confirmar nome*). Mediação: Roberto Almeida

20h – Show de encerramento - Gê de Lima

********* DIA 24/10 - SABADO *********

8 – 9h Recepção e Acolhimento

Credenciamento dos participantes

Intervenção Cultural - Radi Oliveira

Saudação aos ancestrais - Coletivo dos povos Tradicionais do ìpádè

10h – Mesa de abertura

Com participação da Deputada Estadual Leci Brandão e do Deputado Federal Orlando Silva

10h-13h – Ìpàdé dos Saberes –

O Direito de ter direito dos Povos e Comunidades de Terreiro de São Paulo

• Alessandra Gama – Pesquisadora, professora e capoeirista, atua nas áreas de educação, patrimônio imaterial e gestão cultural. Mestranda pelo Programa de Pós – graduação em Educação da Universidade Federal São Carlos (UFSCAR). É colaboradora/consultora de projetos no Ponto de Cultura e Memoria Ibaô (Campinas,SP), articuladora da Rede SP de Memoria e Museologia Social e do Coletivo Salvaguarda da Capoeira de Campinas.

• Juarez Tadeu de Paula Xavier – Jornalista, mestre pelo programa de Pós Graduação em Integração da America Latina da Universidade de São Paulo, coordenador do Núcleo de Estudos e Observação em Economia Criativa (NeoCriativa/FAAC/UNESP/Bauru), e representante da Universidade Estadual Paulista no Conselho Municipal de Cultura, na Cidade de Bauru. Fundador da UNEGRO.

13h – Ajeum (almoço)

14 as 17h – Ìpàdé dos Saberes (GT de Trabalho)

12 as 22h – Intervenções Culturais e Gastronomia do Axé

- Feira Gastronômica com as principais comidas das Cozinhas das Comunidades Tradicionais de

- Exposição - “aFÉto: Retratos da relação de amor entre Orixás e Fieis” - Roger Cipó

17 as 18h – Ìpàdé dos Saberes

Apresentação final dos relatórios dos grupos em plenário.

18 às 22h – Festa de encerramento do Ìpàdé dos Saberes

Samba de Terreiro com Yvisson Pessoa, Roberta Oliveira e Voz dos Tambores.

Homenagem aos Professores na Câmara Municipal de São Paulo


É com grande satisfação que a Associação Comercial de São Paulo - Distrital Centro-Sul confirma a indicação da professora Irene Izilda da Silva para ser homenageada na Câmara Municipal de São Paulo, pelos relevantes trabalhos realizados em prol da educação. Aguardamos V. Sa. e Família na solenidade organizada pela Associação Comercial de São Paulo e a Câmara Municipal de São Paulo, que ocorrerá no dia 23 de outubro de 2015, às 18hOO, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo - Viaduto Jacareí nº 100 - 8º andar. 

domingo, 6 de setembro de 2015

"Os artistas e a memória da escravatura" em debate na sede da UNESCO em Paris

O seminário "os artistas e a memória da escravatura : resistência, liberdades criadoras e heranças" abordou ao longo da última sexta-feira, dia 4 de Setembro, na sede da UNESCO, em Paris, as formas como a escravatura inspiraram e continuam a alimentar a criação artística.

realizador angolano Dom Pedro foi um dos oradores do encontro e discursou sobre a memória e a herança emocional através das artes visuais, nomeadamente, através do cinema. 
"Falei da minha experiência, sobretudo do filme Tango negro, as raízes africanas do Tango. Um filme que já foi exibido em toda a parte do mundo e que não é só um filme para os africanos, mas é um filme para todo o mundo porque celebra o universalismo"
Um encontro que junta artistas, investigadores e especialistas de culturas diferentes partes do mundo para explorar, através de quatro sessões temáticas a influência da memória da escravatura : na literatura, artes visuais, musica e dança.

Cineclube exibe A Vida Sobre a Terra em homenagem a independência do Mali


Breve histórico e contexto do Mali
Formada por 8 regiões, o Mali tem fronteiras ao norte, no meio ao Deserto do Saara, enquanto a região sul, onde vive a maioria de seus habitantes, está próximo aos rios Níger e Senegal. Alguns dos recursos naturais em Mali são o ouro, o urânio e o sal.

O atual território do Mali foi sede de três impérios da África Ocidental que controlava o comércio transaariano: o Império do Gana, o Império do Mali (que deu o nome de Mali ao país), e o Império Songhai. No final do século XIX, Mali ficou sob o controle da França, tornando-se parte do Sudão francês. Em 1960, Mali conquistou a independência, juntamente com o Senegal, tornando-se a Federação do Mali. Um ano mais tarde, a Federação do Mali se dividiu em dois países: Mali e Senegal. Depois de um tempo em que havia apenas um partido político, um golpe em 1991 levou à escritura de uma nova Constituição e à criação do Mali como uma nação democrática, com um sistema pluripartidário. Quase a metade de sua população vive abaixo da linha de pobreza, com menos de 1 dólar por dia.

A cultura do Mali
As tradições musicais malienses derivam de griots (ou Djeli), conhecidas como "Guardiões da Memória", que exercem a função de transmitir a história de seu país. A música do Mali é diversificada e possui diferentes gêneros. Alguns músicos são influentes são Toumani Diabaté e Mamadou Diabaté, intérpretes de um instrumento musical chamado kora; o guitarrista Ali Farka Touré, que combinava a música tradicional do Mali com um gênero vocal denominado blues; grupos musicais tuaregue como Tinariwen e Tamikrest e artistas como Salif Keita, Amadou & Mariam, Oumou Sangaré, Habib Koité, entre outros.

Embora a literatura deste país seja menos conhecida do que sua música, Mali tem sido um dos centros intelectuais mais ativo da África. A tradição literária maliense é divulgada principalmente de maneira oral, com jalis recitando ou cantando histórias de memória. Amadou Hampâté Bâ, seu historiador mais conhecido, passou grande parte de sua vida a escrever estas histórias para o mundo as conservasse. A novela mais conhecida de um autor maliense é Le Devoir de violence, escrito por Yambo Ouologuem, que, em 1968, ganhou o Prêmio Renaudot, mas seu legado foi danificado por acusações de plágio. Outros escritores conhecidos são Baba Traoré, Modibo Sounkalo Keita, Massa Makan Diabaté, Moussa Konaté e Fily Dabo Sissoko.

A variada cultura diária dos malienses reflete a diversidade étnica e geográfica do país. A maioria de seus habitantes usa trajes coloridos e fluídos chamados de boubou, típico da África Ocidental. Os malienses participam frequentemente de festas, bailes e celebrações tradicionais. O arroz e milho são importantes na cozinha do pais, que se baseia principalmente em grãos de cereais. Os grãos são geralmente preparados com salsas feitas de folhas, como o espinafre ou o baobab, com tomate ou com salsa de mani, podendo estar acompanhados de carne assada (tipicamente frango, cordeiro, vaca e cabra). A cozinha do Mali varia regionalmente. Clique aqui e saiba mais sobre o Mali.

Neste quadro, a associação Fórum África e o Cineclube Afro Sembene prestam homenagem à independência da República do Mali, com o filme A Vida Sobre A Terra (La Vie Sur Terre), de Abderrahmane Sissako, 1998, no campus da PUC CONSOLAÇÃO, Rua Marquês de Parananguá, 111 - sala 20, seguido de roda de conversa e um chá de confraternização após a exibição. Coordenação: Saddo Ag Almoloud, Vanderli Salatiel e Oubí Inaê Kibuko.

Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.

Sinopse 
Nos últimos dias de 1999, após alguns tiros terem sido disparados em um supermercado francês, Dramane (Abderrahmane Sissako) escreve uma carta para seu pai, que mora em Mali, sua terra natal. Quando viaja de volta para casa ele conhece uma bela jovem, que o faz considerar outros caminhos a seguir. Mas após a passagem de ano nada parece ter mudado na vila, contrastando as dificuldades do local com a modernidade européia.

Ficha técnica do filme
A vida sobre a terra (La vie sur terre)
Gênero: Drama
Diretor: Abderrahmane Sissako
Duração: 61 minutos
Ano de Lançamento: 1998
País de Origem: Mali/Mauritânia/França
Idioma do Áudio: Francês e Bambara
Legenda: Português
Suporte: DVD
Dados completos clique aqui.


Sobre o diretor
Abderrahmane Shami Sissako também conhecido como Dramane Sissako (Kiffa, 13 de outubro de 1961) é um diretor de cinema, cineasta, escritor e produtor mauritano, sendo o cineasta mais ativo da África. 

Nascido em 1961 em Kiffa, logo após seu nascimento a família Sissako emigrou para o Mali, país de seu pai, onde completou parte de sua educação primária e secundária. Em 1983 vai a Moscovo onde estuda cinema no VGIK, instituto federal de estado de cinema. Em 1989 tira o diploma e roda seu primeiro filme Le Jeu, selecionado para a quinzena de diretores do festival de Cannes. Reside e trabalha na França, onde se dedica à carreira de cineasta. Seus principais trabalhos: Le Jeu, 1991, curta-metragem, ficção. O diretor sempre teve a África no coração de seus filmes, o exílio marcou seu cinema como demonstra o brilhante Octobre, média-metragem filmada em Moscovo (1993) ganhador de diversos prêmios, dentre os quais Un certain Regard no Festival de Cannes em 1993. Dirigiu também o curta-metragem Le Chameau et les bâtons flottants (1995). Posteriormente dirigiu o curta-metragem Sabriya (1996), dentro da coleção intitulada pela produtora ARTE de African Dreaming e Rostov-Luanda (1997), (dentro do evento Dokumenta Kassel 97). Possui olhar crítico tanto para a ficção e documentário, como para a política e para a poética, sendo um dos diretores que trata com mais precisão a cerca do continente africano nos últimos anos. Em 1998 ele termina seu longa-metragem de ficção La vie sur terre (A vida sobre a terra). En attendant le bonheur" foi selecionado no Festival de Cannes de 2000 para concorrer na categoria Un Certain Regard. O seu filme chamado Bamako (2006) foi apresentado no Festival de Cannes, fora da competição e conheceu um grande sucesso mediático.

Sissako retornou brevemente para a Mauritânia, a terra de sua mãe, em 1980. Em seguida, partiu para Moscovo, onde estudou cinema na VGIK entre 1983 a 1989. Sissako se estabeleceu na França no início da década de 1990. Além de longas-metragens e curtas-metragens, Sissako atuou no júri do Festival de Angers, em janeiro de 2007, e no júri do Festival de Cannes no final do mesmo ano.

Atualmente trabalha também como ator. Ele atualmente reside em Mali, e faz filmes de cinema verdade, sendo influenciado por Dziga Vertov. Clique aqui para saber mais sobre Sissako.

Serviço:
19/setembro/2015 - 17 horas
A Vida Sobre a Terra (La Vie Sur Terre)
Direção: Abderrahmane Sissako - 1998, drama, 61 minutos.
Local: PUC CONSOLAÇÃO
Rua Marquês de Paranaguá, 111 - sala 20. Travessa Rua da Consolação, próximo ao Mackenzie. Entre metrô República e Paulista.
Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.
Coordenação: Saddo Ag Almoloud, Vanderli Salatiel e Oubí Inaê Kibuko.

Informações
www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br 
www.forumafricabrasil.ning.com 

Apoio: Cabeças Falantes - Agenda Guilherme Botelho Junior - Quilombhoje.

Compareça e ajude a divulgar!
Cineclube Afro Sembene - Nosso encontro mensal com o cinema africano.

Pesquisa e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.




Thando Hopa decidiu ser linda


“Decidi ser linda”. É assim que a modelo sul-africana Thando Hopa, que é albina, define sua vida atualmente. Depois de sofrer muito preconceito por conta de sua condição, “decidiu” se livrar das amarras e viver a vida que sempre sonhou.
“Desde muito pequena, meus pais se esforçaram para que eu não me sentisse diferente. Mas, infelizmente, quando fui à escola e fui apresentada à sociedade, crianças, em particular, agiam diferente em relação a mim. Me xingavam, não queriam tocar em mim”, explica ela à BBC.
Ainda criança, Thando ouviu diversas barbaridades — entre elas, que era “filha do Diabo” — e passou a se isolar cada vez mais de outras pessoas. Tentou parar de frequentar a escola, mas foi impedida por seus pais. Os dois, então, passaram a ter papeis fundamentais para que ela se aceitasse e conseguisse driblar o preconceito alheio.
Foi na época de universidade que Thando resolveu deixar de lado qualquer julgamento alheio e passou a viver sua vida. Cresceu profissionalmente e conseguiu explorar sua beleza a ponto de se tornar modelo. Hoje, com carreira consolidada, virou referência contra o preconceito. 

Pesquisa e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Três Crônicas de Antonio Matabele diretas de Mozambique

Mens sana in corpore sano
António Matabele - Maputo, 19 de Agosto de 2015

Kwame e Kauã, seus netos ainda unigénitos e por isso predilectos, orgulharam-se de mais esta proeza do avô. Ele, no dia 08 de Agosto de 2015, Sábado, correu numa competição de dez quilómetros de distância.

Então os 45 anos de presença física do avô nesta cidade foram celebrados correndo, competindo primeiro consigo próprio e só depois com os restantes 499 atletas inscritos no certame pedestre com o qual as CDM – Cervejas de Moçambique – quiseram celebrar os 20 anos da sua existência.

Por timidez de feitio, o seu avô, às suas raras e pequenas grandes proezas, não costuma dar-lhes publicidade, por isso eles, os netos, prometeram sempre referir-se a esta última em todos os elogios que lhe fizerem, incluído, também, o fúnebre.

O livro é excelente para exercitar o nosso intelecto! Os alimentos fazem muito bem ao corpo! O exercício físico é o cimento que faz a junção de ambos os benefícios, dando origem à máxima da “mens sana in corpore sano” (mente sã em corpo são).

A competição começou, pontualmente, na hora prevista, às 07,30 horas, no Parque dos Continuadores, na Avenida Mao-Tsé-Tung. O trajecto progrediu pela Avenida Julius Nyerere até à Embaixada da China. Virou à esquerda e percorreu parte da Avenida do Zimbábwé. Na Avenida Kim Il Sung, alcançou a Kenneth Kaunda e desta foi só descer a Avenida Joaquim Chissano até à meta final, na fábrica das Cervejas de Moçambique (CDM), no Bairro do Jardim.

Duas imperdoáveis asneiras foram cometidas pelo avô. A primeira, quis competir com os jovens. Estes, de imediato, cansaram-no precocemente. A segunda, esqueceu-se do seu rival permanente interno, a auto-comiseração.

Se não tivesse feito aquelas duas asneiras teria feito todo o percurso a correr, pois tem feito distâncias bem maiores correndo, quando o seu adversário é o próprio.

Mas mesmo assim não ficou de todo mal classificado. Fez a prova, 10 quilómetros, em 65 minutos (6,5 minutos por cada quilómetro). Não fez vergonha. Na lista dos veteranos ficou em 29º lugar. Depois dele, cortaram a meta cerca de 30 atletas de todos os escalões. Havia no global 500 atletas, divididos em Federados, Populares, Veteranos e Trabalhadores das CDM. Dos atletas 55% eram Homens e 45% mulheres. Fez uma corridinha mista. Caminhou 30% e correu 70% do percurso. A organização da prova felicitou-o pelo facto de ter sido o atleta mais velho da prova, 63 anos. O vencedor fez o percurso em 29 minutos (2,9 minutos por cada quilómetro). Foi um “puto” de 18 anos que correu “à pata desarmada de sapato”, completamente descalço e o último fez em 97 minutos (9,7 minutos por cada quilómetro). Uns desistiram pelo caminho e outros apanharam boleia de carro e desceram perto da meta. Foi uma manhã muito divertida.

“A prova foi motivo para competição, porque ganhar é importante, mas constituiu pretexto para um são convívio entre pessoas” (João de Sousa, in “Banha de Cobra”, 12/08/15). Exorta-se a todos que lerem esta prosa para se preparem para outras provas similares que acontecerão brevemente na nossa cidade e País.

Exercitar o corpo é muito bom! Os músculos agradecem! Os pulmões pulam de alegria! O coração, esse, fica forte que nem o da tartaruga, cuja longevidade ultrapassa os 200 anos.
Afinal correr é saúde!

45 anos
António Matabele - Maputo, 12 de Agosto de 2015

De mala às costas, contendo apenas 3 mudas de cada peça da minha modesta indumentária de estudante, a esta capital cheguei, num Sábado às 16,04 horas, do dia 08 de Agosto de 1970.

Viajei num dos Boeing da DETA (Direcção de Exploração dos Transportes Aéreos) dos Caminhos de Ferro de Moçambique. DETA génese da LAM, nossa actual companhia aérea de bandeira.

Passam-se 45 anos, feitos no dia 08/08/2015 que cheguei a Lourenço Marques, cidade fervilhante, mas não híper-povoada nem com tanto dinamismo como a nossa actual Maputo.
À casa de amigos no então Bairro das Lagoas fui morar, ao lado da 4ª. Esquadra da PSP (Polícia de Segurança Pública), actualmente Sexta Esquadra da PRM (Polícia da República de Moçambique), localizada na Avenida Acordos de Lusaka, bem defronte da histórica e lendária Mafalala, multicultural, multiétnica, multitribal, enfim, multitudo até de coisas inconfessáveis.

Uma vez acomodado três coisas procurei: uma Igreja, para a Deus agradecer por aquela graça que me estava concedendo; o Instituto Comercial de Lourenço Marques, para me inscrever aos exames de admissão naquele estabelecimento de ensino; um recinto desportivo, aonde pudesse praticar ginástica e outras actividades desportivas.  
Eu tinha os meus imberbes, acanhados, virginais e imaculados 18 anos de idade. Se a mala vinha semi-vazia de roupas, ela trazia o essencial dos livros das disciplinas nucleares que eu precisava para os exames de acesso ao ex-Instituto Comercial de Lourenço Marques.
Sem ser crendice infundada, corria a fama de os exames em Lourenço Marques serem mais rigorosos que os da sua congénere na Beira. Por isso, naquele ano eu tenha sido quase o único de Nampula a vir enfrentá-los em Lourenço Marques. A hipótese de ir fazer o meu exame à Beira fora descartada porque não tinha aonde me hospedar de graça ou a preço módico. Com efeito, para além de mim para esta cidade vieram apenas o Fernando Souto, o Augusto Vilela e a sua namorada, hoje ainda sua esposa, a Augusta. Este casal tinha dispensado às provas de admissão porque tinha tido boas notas na Escola Secundária em Nampula.

Mas eu vinha pesado de uma intangível carga que era a fé, a esperança, a vontade de vencer misturada com o medo de falhar logo no começo da corrida, ou a meio dela.

Tudo corre bem até hoje, graças a Deus, aos sempre oportunos conselhos dos meus pais e à mulher que Ele me escolheu, que me retrouxe para a verdade, livrando-me do abismo da quase perdição certa que estava em vias de nela resvalar.

Ingressei para o Instituto Comercial por dispensa, às provas orais, com boas notas.

Durante os dois anos de Instituto, que me davam acesso ao Curso de Economia na Universidade, também, graças ao esforço titânico que eu fizera, tive tão boas notas que dispensei ao assim chamado exame de aptidão à Universidade com 18 valores, quando a nota exigida para o efeito era somente de 14 valores. Durante o dia tinha as minhas aulas normais no meu estabelecimento de ensino e à noite ia assistir às aulas das duas disciplinas nucleares de acesso à Universidade, como aluno externo, no ex-Liceu Salazar, cujas instalações faziam meias paredes com as do Instituto Comercial.

Eu estudava com muita garra, quase a raiar à “raiva”, porque tinha medo de não beneficiar de adiamento ao alistamento à tropa, facto que aconteceria se até aos 21 anos de idade eu não fosse já estudante universitário. E ingressei para o ensino superior aos vinte anos de idade, já atrasado porque para além de ter seguido a via do ensino técnico profissional, que tinha mais um ano que o liceal, somava no meu palmarés o atraso de dois anos de reprovação no ensino secundário. Averbei, aos 10 anos de idade, um “chumbo” no primeiro ano do Ciclo Preparatório. Perdi o ano por faltas porque no lugar de assistir às aulas ficava no átrio da escola a jogar a bola. E o outro foi no segundo ano do Curso Geral do Comércio, quando vivi a crise da entrada para a idade dos “teenager”, ou seja, da puberdade aos 13 anos.

Escuso-me a detalhar a tamanha sova que levei da minha mãe em ambas as vezes, dada a sua dupla função de progenitora e de encarregada de educação.

Em Lourenço Marques – no Instituto Comercial e na Faculdade de Economia – fui aluno acima da média. Com o advento da Independência Nacional larguei, temporariamente, os estudos. Nesta etapa da minha vida foram-me extremamente úteis os conselhos da minha mulher e da sua sogra.

Nos primeiros anos em Lourenço Marques vivi a expensas dos meus pais, quando ingressei para a Universidade, em 1972, beneficiei de uma gorda bolsa de estudos e em 1973, ainda estudante, comecei a trabalhar como bancário no ex-Instituto de Crédito de Moçambique, que, após várias metamorfoses, deu origem ao Banco Popular de Desenvolvimento, hoje Barclays Bank de Moçambique.

Perdoem-me por falar de mim mesmo. Mas este passeio nostálgico de revisitação ao meu passado tem um óptimo efeito terapêutico.  

Praia da Costa do Sol
António Matabele - Maputo, 14 de Agosto de 2015

Esta reflexão é dedicada à minha companheira de luta pela vida. Avó dos meus netos. Mãe dos meus filhos. Minha mulher de tantas boas cumplicidades vividas juntos durante estes 41 anos de vida conjugal participativamente intensa. Pelo seu notável desempenho como nora, foi pelos meus tios eleita “Rainha dos Matabele” e que hoje tem a graça de somar pouquinhos 63 anos de idade. Parabéns! Longa Vida com Saúde, Paz e Dinheiro, minha querida amiga Gila, minha família, de facto. Ela já é tão minha família que, por vezes, temo estar a viver com ela em permanente pecado e crime de incesto. 

Quando eu for mais crescido e dotado de sabedoria quase bastante que, algumas vezes, só a idade muito adulta nos confere, gostaria de me dedicar à discussão da educação com os meus netos, filhos e pessoas da minha faixa etária também.

Discussão de aspectos práticos inerentes à educação como conjunto de códigos que permitem a pessoa a melhor coabitar neste vale de prazeres convencionado chamar-se-lhe planeta terra.

Uns, normalmente, pessimistas dizem que a terra é o espaço onde a pessoa sofre e por isso a apelidam de “vale de lágrimas”. Não concordo com esta acepção, porque de alegria o Homem também costuma verter lágrimas. E a nossa passagem por esta terra é tão boa que Deus e a mãe natureza não a eternizaram. Afinal o que é bom acaba depressa.  

Fascinam-me sobremaneira a História, o Meio Ambiente e a Economia. Esta última como machamba na qual encontro parte dos rendimentos para garantir a minha sobrevivência. Por isso, seria sobre estas áreas que gostaria de discutir quando estivesse a experimentar o gozo da terceira idade.
Sem querer, falei de sobrevivência. Esta está cada vez mais difícil à medida que o tempo da pessoa idosa corre para o ocaso. Difícil, por exemplo, porque a dieta da pessoa da terceira idade começa a exigir frugalidade quantitativa e qualitativa e é cara. O assim dito velhote, já não pode comer tudo. E mesmo apesar de muitos cuidados também na esfera alimentar começa a constatar que as doenças iniciam o seu irreversível assédio à sua saúde. A pessoa idosa começa a virar pastagem aonde as doenças vêm, gulosamente, saciar-se!
  Mas voltando ao propósito desta reflexão, que é falar da nossa, novamente, embelezada porque reabilitada, Praia da Costa do Sol, eu gostaria de dizer que as minhas discussões em capítulo de Meio Ambiente teriam como pano de fundo aquele espaço de veraneio da nossa cidade.

Para concretizar este objectivo, desenvolveria, com a ajuda dos “mídia”, uma série de textos e ideias visando a conservação daquela nossa praia em estado de permanente beleza e asseio.

Exortaria, por exemplo, a, uma vez por semana, irmos caminhar na sua areia para enrijecimento muscular, pulmonar e cardiovascular e nas suas águas, agora límpidas, mandar um mergulho.

Lembraria, à laia de propaganda, que a septuagenária Tina Turner, cançonetista afro-norte-americana, por alguns de nós, muito admirada, vivendo na Suíça por se ter casado com um nativo daquele País helvético, mantém aquela esplêndida forma física porque faz caminhadas diárias de duas horas nas areias, imaculadamente límpidas, do Lago Léman. Se mantivermos a nossa Praia limpa e atractiva poderemos tentar idêntica proeza. 
Insistiria que, sem asseio, aquela praia virará a local de contracção de feias e perigosas doenças físicas e até psicológicas e morais.

Pediria que, a todo o custo, fossem travadas as incursões e investidas dos frequentadores do popularmente chamado “calçadão”, que para ali convergem, à alta velocidade, para exibir os seus carros topo de gama, as mega aparelhagens instaladas nas suas viaturas e outras coisas afins e que por ali deambulam mostrando ostentação, a nova namorada, a marca da cerveja ou do “whisky” que sorvem, em espectáculo repugnante que constitui um atentado à moral e aos bons costumes.

Pediria às autoridades municipais para – nem que fosse em regime de PPP (Parceria Pública Privada) – criar condições de nesta nossa praia termos um sistema de segurança eficiente contra os desastres humanos no mar; os amigos do alheio; os que atentassem contra o pudor público. Tivéssemos balneários e casas de banho sempre limpos; quiosques e barracas com limpeza, ordem e higiene; equipamentos para ginástica localizada (barra fixa); mini-campos para a prática de desportos; recipientes profusamente distribuídos para recolha de lixos biodegradáveis e sólidos como garrafas, caixas e plásticos. Enfim, tudo para fazer da nossa Praia uma réplica das melhores praias do mundo e um lugar que levará as pessoas a procurarem-no como sendo de visita obrigatória para entretenimento e cura preventiva ao “stress” e outras doenças de índole psicossomática.

Lembraria que outro aspecto que as autoridades não poderiam nem deveriam deixar progredir é a tendência, crescente, de algumas confissões religiosas transformarem a nossa praia num imenso local de culto: cânticos, danças, gritarias, rituais esquisitos e orações religiosos. Algumas vezes é incluída a prática do sacrifício de aves (galinhas brancas e patos) e animais quadrúpedes de pequeno porte: cabritos, coelhos, porcos e até cães.

Se esta situação continuar a desenvolver-se no caminho que parece estar a tomar, a praia virará a lugar de culto não ecuménico e a sua função de espaço de recreação e lazer ficará apenas uma miragem. 

Minhas respeitáveis e meus simpáticos co-munícipes, esforcemo-nos individual e colectivamente para que a nossa Praia da Costa do Sol seja uma agradável sala de lazer e de prazeres lúdicos da nossa linda cidade de Maputo.

sábado, 8 de agosto de 2015

Cineclube Afro Sembene e Fórum África exibem o filme Selma e prestam homenagem à independência de países africanos ocorridas em agosto e ao Dia dos Pais.





Dia 15/08, sábado, excepcionalmente às 17 horas, Cineclube Afro Sembene e Fórum África exibem o filme Selma – Uma luta pela igualdade, em homenagem à independência de paises africanos ocorridas em agosto e ao Dia dos Pais. Convide seus familiares, amigos, alunos, vizinhos, colegas de trabalho e venha fazer parte desta marcha.

Para o segundo domingo de agosto, Dia dos Pais, os convites e opções são muitas: passeios, caminhadas, piqueniques, almoços, presentes, conversas, mensagens, carinhos, planos, perspectivas. Segundo Cunha Matos “A África também nos civilizou”. Por isso, o mês de agosto marca também a independência de alguns países africanos: Benin, Niger, Jamaica, Chade, Trindade e Tobago, Costa do Marfim e Libéria. Cujos processos para tornaram-se independentes merecem ser conhecidos, debatidos, divulgados. Vale lembrar: pai não é só o pai biológico. Pai é todo aquele que se preocupa e gosta da gente, cuida, conversa, repreende, orienta, dá carinho, apoio, amizade e está sempre do nosso lado. Tanto que às vezes quem ganha homenagens é o padrasto, o padrinho, o tio, o irmão, um amigo da família, uma liderança notável.

Já dizia o bispo sul-africano Desmond Tutu: Não estamos lutando pela liberdade das pessoas negras, mas liberdade dos brancos. Porque, quando você é o opressor, você é a pessoa escravizada, desumanizada por si mesmo”. Neste contexto, todo pai (incluindo mãe – é expressivo o número de mulheres chefes de família) que se preza, almeja e busca empreender a seu modo ou de forma coletiva, uma vida e um futuro melhor para si e para os seus filhos. E por extensão ao meio ou país onde vivem e viverão. Tanto que um grande pai certa vez disse: "Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter". O sonho deste pai continua aceso tanto em pais célebres quanto anônimos. Martin Luther King Junior deixou de ser singular para ser plural, a exemplo de Zumbi, Rainha Nzinga, Mandela, Rosa Parks, Luis Gama, Luisa Mahin, Steve Biko, Malcon X, Yaa Asantewaa, Gandhi, Elizabeth Eckford, Che Guevara, dentre outros e outras que se empenharam por um mundo mais justo e mais humano. Nossos agradecimentos pelas referências que nos deram, pelos ensinamentos que permanecem nos dando. 

A luta dos negros no mundo continua. Avanços têm ocorrido, mas ainda há muito por fazer. Seja pela família, seja pela nação, seja pelo continente, seja pela humanidade. Para que seus filhos e filhas sejam cidadãos e cidadãs responsáveis, respeitáveis, auto-suficientes. É com este propósito que o Cineclube Afro Sembene e a associação Fórum África exibem Selma – Uma luta pela igualdade, filme de Ava DuVernay, seguido de roda de conversa, no campus da PUC Consolação, dia 15 de agosto, excepcionalmente às 17 horas, Rua Marquês de Paranaguá nº 111, sala 20. Coordenação: Vanderli Salatiel, Saddo Ag Almoloud e Oubí Inaê Kibuko. 

Filme: Selma – Uma luta pela igualdade
Direção de: Ava DuVernay.
Sinopse: Em 1964, enquanto Martin Luther King Jr. recebe seu Nobel da Paz, diversos afro-americanos, como Annie Lee Cooper de Selma, ainda não têm acesso a inscrição nos cadernos eleitorais. Para garantir o direito de voto para todos os afro-americanos, Martin Luther King então reúne-se com o Presidente Lyndon B. Johnson, para que ele possa criar uma lei que proteja os negros que querem votar. Martin, em seguida, vai para Selma, no interior do Alabama, com Ralph Abernathy, Andrew Young e Diane Nash. Lá eles encontram vários ativistas da Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC). Como Martin Luther King se torna importante, John Edgar Hoover tenta convencer o presidente Johnson para monitorar e prejudicar ainda mais seu casamento com Coretta King. Como as tensões vão aumentando, King e seus sócios decidem realizar as Marchas de Selma a Montgomery, enfrentando a violência das forças policiais locais, liderados pelo xerife Jim Clark e o Governador George Wallace.
Duração: 128 minutos

Segundo observação de Bruno Carmelo ao filme: "O pastor protestante Martin Luther King lutava pelo direito das minorias, pela redução das desigualdades, pela retirada de privilégios da elite. Esta é uma boa luta, ainda mantida por parte das comunidades cristãs. Mas nos tempos conservadores atuais, com tantos políticos fazendo da religião uma política, é interessante ver um homem que optou pelo caminho contrário, fazendo da política uma religião”.

Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.

Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br 
www.forumafricabrasil.ning.com 
www.tamboresfalantes.blogspot.com.br 
Realização: Fórum África 
Apoio: Cabeças Falantes, Agenda Guilherme Botelho Junior, Quilombhoje
Cineclube Afro Sembene: Nosso encontro mensal com o cinema africano.
Compareça e ajude a divulgar.

Serviço
Quando: 15/agosto/2015 – sábado.
Horário: 17 horas.
Local: PUC Campus Consolação. Rua Marquês de Paranaguá nº 111, sala 20, travessa Rua da Consolação, em frente ao Mackenzie.
O que: Fórum África e Cineclube Afro Sembene exibem o filme Selma – cinebiografia de Martin Luther King, dirigido por Ava DuVernay e prestam homenagem à independência do Benin, Niger, Jamaica, Chade, Trindade e Tobago, Costa do Marfim, Libéria e ao Dia dos Pais.
Ingresso: Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.
Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br 
www.forumafricabrasil.ning.com - www.tamboresfalantes.blogspot.com.br 
Coordenação: Vanderli Salatiel, Saddo Ag Almoloud e Oubí Inaê Kibuko.
Realização: Fórum África 
Apoio: Cabeças Falantes, Agenda Guilherme Botelho Junior e Quilombhoje

Cineclube Afro Sembene: Nosso encontro mensal com o cinema africano.

Compareça e ajude a divulgar.

Texto, pesquisa, postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.